No ano que passou os Estados Unidos registraram mais de 24 milhões de pedidos de demissão entre abril e setembro, um dos números mais altos dos últimos anos. Outros países também ricos e desenvolvidos, como Alemanha e Japão, também percebem o movimento. Segundo especialistas em carreira, a razão é a pandemia, responsável pelo aumento nos processos de exaustão e por uma deterioração da saúde mental de pessoas em diferentes países. No Brasil não é diferente. O país registrou recorde de 29.488 pedidos de demissão por dia em fevereiro. 560.272 pessoas decidiram abandonar seus empregos, maior número desde janeiro de 2020, segundo levantamento feito pela LCA Consultores.
Além de impactos na saúde mental que chegou com a pandemia, as pessoas começaram a se questionar sobre valores pessoais e a relação com o lado profissional. Essa empresa tem flexibilidade de local de trabalho e horário? Leva em consideração a saúde mental do funcionário? Como é feita a gestão? Existe uma cultura forte? É uma empresa que é diversa nas contratações? Esses são alguns questionamentos que os profissionais fazem hoje em dia antes de aceitar uma vaga e isso muda todo o cenário. Antes as empresas ditavam as regras, mas hoje o profissional também pondera.
De acordo com estudo Tendências Globais de Talentos 2022 do LinkedIn, quase 50% dos colaboradores desejam que as empresas construam uma cultura que priorize a flexibilidade. Além disso, os profissionais entrevistados também destacaram a importância de desenvolvimento profissional (59%), saúde mental e bem-estar (42%), treinamento de gestores para liderança de equipes remotas e híbridas (35%) e diversidade e inclusão (26%).
A pesquisa mostra que funcionários que trabalham em empresas que oferecem flexibilidade de horário e local de seus trabalhos têm quase 2,5x mais probabilidade de se sentirem satisfeitos e cerca de 2x mais chances de recomendar a empresa para outras pessoas.
Um sinal de que as empresas estão atentas a isso é que a oferta de vagas que mencionam flexibilidade no LinkedIn subiu 83% desde 2019. Esses dados deixam mais do que evidente que as pessoas estão engajadas no assunto e que, cada vez mais, passam a cobrar as companhias por ações neste sentido. Foi o que afirmou Milton Beck, Diretor Geral do LinkedIn para América Latina.
As empresas entenderam que oferecer a opção de trabalho remoto é cada vez mais um diferencial para que possam continuar competitivas e atraentes para os profissionais qualificados.
Claro que tem vagas que não se pode trabalhar de forma remota e muitas pessoas também não têm o privilégio de argumentar isso na negociação de uma vaga. Então estamos falando de uma camada social com mais privilégio, mas que tem grande peso dentro das empresas e que se não tiverem suas demandas atendidas vão para outras corporações.